—Comprei um drone junto com um amigo e começamos fazendo filmagens. Hoje, faço inspeções para a indústria de óleo e gás e mineração.
Um piloto profissional chega a ganhar bem mais que a média salarial do país. O estudo da Firjan com base na Relação Anual de Informações Sociais, a Rais, de 2022 — último ano disponível do registro do Ministério do Trabalho — mostrou que a média salarial de um operador de drone com carteira assinada é de R$ 8,3 mil. Mas, segundo empresários do setor, o salário pago a um operador no setor rural pode ultrapassar R$ 12 mil.
Faltam profissionais
Para Jonathas Goulart, gerente de Estudos Econômicos da Firjan e responsável pela pesquisa, a operação técnica na indústria e no campo fez crescer a procura por esses profissionais:
— Há cinco anos, a profissão não existia como existe hoje. É um cenário de mudança tecnológica, com a indústria avançando nesse sentido. O drone tem sido utilizado para tudo.
O uso também vem crescendo no agronegócio. Adauto Boza Júnior, de 24 anos, está no comando dessas aeronaves há dois anos em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul:
— A demanda é muito alta. O agronegócio tem visto que a precisão que os drones oferecem é muito efetiva.
Funcionário de uma fazenda, trocou a carreira militar pelo controle das aeronaves remotamente pilotadas (RPAs, na sigla em inglês). Além do trabalho regular, faz outros trabalhos com os drones:
— O mercado de drones é versátil. Quando não estou no agronegócio, trabalho com foto e filmagem. É uma área que te mantém ativo o tempo todo — diz Boza Júnior.
Esses equipamentos, que começaram a se popularizar em filmagens e fotografias, são usados em monitoramento de estruturas de plataformas de petróleo em alto-mar, na manutenção de linhas de transmissão, pulverização de pesticidas nas lavouras e até na medição térmica e de umidade do solo nos campos, ajudando a aplicar de forma mais eficiente os fertilizantes.
Com quase dez anos de atuação, Mateus Maia trocou a pilotagem de helicópteros para chefiar a DR1, empresa que presta serviços de inspeção por drones e até lavagem de fachadas. Ele, que também possui uma área de ensino para formar pilotos, diz que tem dificuldade para encontrar pessoa na área:
— Temos dificuldade de encontrar profissionais capacitados. Há escolas hoje, mas normalmente os treinamentos são curtos, que não trazem vivência para o profissional que quer entrar no mercado sabendo fazer.
A empresa fornece análises para grandes empresas do setor de óleo e gás e mineração que querem reduzir custos e aumentar a segurança operacional. Maia conta que a demanda é tão grande que seus funcionários são sempre procurados pela concorrência.
Novas habilidades
Para quem deseja entrar no mercado, cursos que ensinam a pilotar, a seguir as regras e dá instruções básicas de operação não faltam no mercado. Guilherme Dias, supervisor do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) de São Paulo, afirma que o curso foi implantado a partir da demanda, e que a operação vem para qualificar profissões já existentes:
— O drone não vem substituir, vem complementar. Os profissionais que têm base técnica terão que se aperfeiçoar para acompanhar o desenvolvimento da profissão deles, ganhando habilidades que o diferenciam na nova indústria.
Segundo Dias, a base do ensino contempla dois cursos introdutórios, de pilotagem e legislação, e o último se ramifica de acordo com a profissão. Hoje, o Senai-SP oferece cursos para técnico de segurança e de inspeção em energia.
A demanda também é grande no campo. Segundo o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), foram 230 alunos em 2017 inscritos nos cursos para pilotagem oferecidos pelo sistema gratuitamente. Até setembro deste ano, já foram 14 mil inscritos:
— A demanda explodiu, porque o drone veio para ajudar de forma eficiente as ações rurais, com tecnologias de pulverização, monitoramento e mapeamento da propriedade. É uma demanda que cresceu muito e, dentre as tecnologias, é a mais demandada pelo agronegócio hoje em dia — diz Gabriel Sakita, coordenador técnico da instituição, que também oferece alguns cursos teóricos sobre o tema on-line.
O Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) do Rio também oferece curso de curto período que ensina os primeiros passos para a pilotagem e captação de imagens:
— É uma profissão com entrada fácil e que há facilidade para gerar renda, seja como empregado ou profissional liberal. Mas requer treinamento em parte regulatória, teoria e prática — afirma Claudio Tangari, assessor de inovação da instituição. Os cursos são itinerantes, e já foram oferecidos, para além da capital fluminense, na Região Serrana do estado.
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